Intercâmbio, um investimento para toda vida

Em 2010, 160.000 brasileiros experimentaram esse desafio.
Por Camila Bertolazzi
Muitas pessoas crescem com o sonho de morar fora do país, aprender uma nova língua e diferentes culturas. Eu não tinha essa vontade, mas decidi que essa era uma experiência que eu deveria viver, e fui. Mas eu não fui sozinha! De acordo com um relatório da Association of Language Travel Organizations de 2009, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking dos maiores exportadores de intercambistas do mundo. Só em 2010 cerca de 160.000 brasileiros – 70.000 de São Paulo – experimentaram esse desafio. Esses números são reflexos de um mercado que tem crescido 20% por ano no país e movimentado 8 bilhões de dólares no mundo. 
Apesar da atual valorização do real – um dos motivos que colaborou para o aumento desse número -, o intercâmbio ainda é um sonho para muitos brasileiros, que são “barrados” quando o assunto é dinheiro. Segundo a gerente da Just Intercâmbios de Itu, Isis Saker, os preços variam de acordo com o tipo de acomodação, companhia aérea e carga horária do curso. Outro fator determinante é a escolha do país. 
Se você está à procura de um intercâmbio de curta duração (um mês), a opção mais barata é a África do Sul (R$6.000). Mas se você tem mais tempo e dinheiro, a Irlanda, afetada pela atual crise da Europa, é a opção mais em conta para uma temporada de seis meses. Independente da duração, a Austrália é o país mais caro – R$ 8.500 (1 mês) e R$ 25.000 (6 meses), valor encarecido principalmente por causa das passagens aéreas. 
Mesmo sendo mais cara, muitos brasileiros optam pela Austrália que dá ao estudante a vantagem de poder trabalhar 20 horas semanais. Além disso, a população é mais receptiva e o clima é similar ao do Brasil, o que torna a adaptação dos estudantes mais fácil. “Todos voltam fãs dos países que moraram, mas eu percebo que quem estava na Austrália se identifica mais, devido às características parecidas com o Brasil”, afirma Isis. 
Eu sou um exemplo vivo dessa paixão. Durante os quase nove meses que morei no país dos cangurus, me vi num misto de responsabilidade, diversão, descoberta, beleza, amadurecimento e muito aprendizado. Encontrei na música Smile, de Uncle Kracker, as palavras que sempre me faltaram para descrever o quão grande e essencial foi essa experiência para mim. 
Mas nem tudo são flores. Em meio às dificuldades, o sentimento de homesick se instala e tudo se transforma em saudades. “De repente me bateu uma saudade de casa e uma vontade que chegue logo o dia de voltar para minha vida real, para as minhas responsabilidades, para perto das pessoas que eu amo. Saudades de pegar o carro e dirigir sem destino, de comer um rodízio de carne, de sair com meus amigos para uma rodada de suco de acerola. Muita saudade! Essa vida é mesmo muito louca: ao mesmo tempo em que estou vivendo um dos períodos mais maravilhosos e exclusivos da minha vida, também sinto falta do que ficou para trás. Ao mesmo tempo em que eu desejo que isso nunca acabe, desejo que passe logo para voltar a ser como era antes. Eu sei, é estranho, mas é o que eu sinto!”, desabafei no meu blog em algum dia de setembro.
80% das pessoas que procuram a Just Intercâmbios buscam a fluência no idioma – 90% delas no inglês – mas, quando chegam ao país, “o inglês passa a ser apenas o primeiro passo que traz como consequência a descoberta de um novo mundo”, revela Isis.
A preparação
A partir do momento em que alguém começa a pensar em fazer um intercâmbio até o dia em que o projeto finalmente sai do papel, muito planejamento precisa ser realizado. Alguns jovens chegam a ficar meses pesquisando até estarem certos da decisão tomada. É o caso do professor de Química Rodolfo Cardoso, que se programou um semestre antes, tempo que, para ele, foi suficiente para correr atrás de toda a documentação necessária.
O processo de visto varia de acordo com o país. Alguns deles – Nova Zelândia, África do Sul e países da Europa como Inglaterra e Irlanda - não exigem visto num período de 90 dias. Mas, independente disso, todos os consulados exigem que o estudante/responsável tenha estabilidade financeira e demonstre vinculo com o país de origem, o que provaria que o mesmo não tem planos de viver mais do que o tempo determinado em outro país.
Além de se preparar com antecedência, Isis Saker também recomenda um cuidado especial na hora de escolher a escola. “Além da qualidade de ensino, é importante verificar se a escola dá assistência ao aluno nas áreas de saúde, emprego e moradia, e se a instituição está bem financeiramente, para que não feche as portas no meio do curso”, aconselha.


Texto original em: http://www.itu.com.br/leuessa/noticia/intercambio-um-investimento-para-toda-vida-20110217

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